Isa Pecini, 23 anos, é uma das atletas mais badaladas do fisiculturismo mundial no momento. A legião de fãs da brasileira por todo o mundo cresceu principalmente após ela conquistar, em 2019, o título da categoria Bikini do Miss Olympia, campeonato mais importante da modalidade.
No entanto, o que muitas pessoas que acompanham o sucesso da atleta número 1 do mundo não sabem é que a musculação passou a fazer parte da vida de Isa para ajudá-la a superar a anorexia e a bulimia.
Os transtornos surgiram quando ela estava com 13 anos. Na época, Isa queria ter um abdômen definido e buscou na internet o que poderia fazer para emagrecer. Sem qualquer orientação profissional, começou a adotar práticas de alimentação nada saudáveis e até a tomar remédios.
“Inicialmente, tive bulimia. Eu comia muito e após as refeições vomitava tudo ou tomava laxantes, devido ao sentimento de culpa e medo de engordar”, conta a atleta. Depois, ela desenvolveu anorexia: “Vivia insatisfeita com o corpo e querendo emagrecer sempre mais. Então, passei a restringir a alimentação e ficava longos períodos sem comer.”
Isa sofreu com os dois transtornos durante dois anos e chegou a pesar 37 kg (ela tem 1,66 metros de altura). Ao perceber que a filha estava magra demais, a mãe, Eleusa Gomes, a levou ao médico. Correndo risco de morte, Isa precisou ser internada em uma clínica psiquiátrica durante um mês e uma semana, contra a própria vontade.
“Minha família foi muito importante nesse processo, pois mesmo contra meu desejo todos sempre se preocuparam comigo, insistiram no tratamento e me deram apoio”, diz.
Quando voltou para a casa, Isa passou a ter acompanhamento semanal de uma equipe multidisciplinar da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), formada por psiquiatra, psicólogo e nutricionistas. Os especialistas a orientaram a praticar atividades físicas, pois isso ajudaria no tratamento. Então, ela se matriculou na academia e começou a treinar.
“A musculação me fez ter uma outra visão de como era importante eu comer para ter energia, me fez entender melhor o papel de cada alimento e como eles me faziam bem.”
O início no fisiculturismo
Isa começou a treinar três vezes por semana e com o tempo foi criando amor pela musculação. Conforme os resultados foram aparecendo, ela começou a pesquisar mais sobre treinamento e a se inspirar em algumas modelos fitness. Aos 18 anos, após ver “ao vivo” fisiculturistas nos stands de uma feira fitness em São Paulo, surgiu o desejo de se preparar para competir.
Com a decisão, sua rotina mudou. Os três dias de treino passaram a ser seis e o comprometimento com a boa alimentação aumentou. “Antes de ser atleta, eu já seguia uma dieta bem à risca e treinava muito bem. O que mudou foi mais essa questão de como seriam meus treinos, o volume e as divisões.”
Ela começou a competir e a conquistar bons resultados, sempre imaginando um dia disputar o Miss Olympia, principal torneio do mundo do fisiculturismo.
“Quando me tornei atleta profissional, em 2017, passei a sonhar com o Olympia todos os dias. Já nesse ano consegui me classificar pela primeira vez para a competição. Quando pisei no palco, fiquei alucinada, é algo impressionante”, lembra.
Em sua estreia na competição, Isa conquistou o nono lugar. “Continuei competindo e fui ganhando meu espaço, evoluindo meu físico com a ajuda do meu treinador, Ricardo Pannain. Em 2018, voltei ao Olympia e fiquei em quarto lugar. Então, falei: ‘Minha meta agora é ganhar, não sei quando, mas vou trabalhar para isso'”.
O objetivo foi alcançado em 2019, quando Isa venceu a categoria Bikini do Miss Olympia e se tornou a atleta número 1 do fisiculturismo mundial desbancando adversárias renomadas, como Angelica Teixeira, que havia vencido as duas últimas edições do campeonato.
Cuidados com a alimentação e saúde
Além da orientação do treinador Ricardo Pannain, Isa tem acompanhamento nutricional e médico durante o ano inteiro. A atleta explica que, como a dieta de um fisiculturista muitas vezes tem grandes restrições, principalmente nas semanas mais próximas a uma competição, ela se policia para não sofrer novamente com as compulsões alimentares.
“Mantenho sempre em mente que a dieta mais restrita é por um determinado tempo e que depois vou voltar a comer mais nutrientes. Um atleta tem que entender cada fase da temporada. A gente não vive 100% do ano rasgado [com o corpo bem definido], como muitas pessoas pensam”, explica Isa.
A atleta conta que depois de algum tempo competindo entendeu que a fase de descanso, em que há um relaxamento no treino e na dieta, é extremamente necessária para sua saúde física e mental. “Precisamos ter equilíbrio. Essa fase não significa jogar tudo para o ar, comer qualquer coisa e parar de treinar, mas sim poder ter mais flexibilidade na alimentação, com uma ingestão calórica um pouco maior”, explica.
Faltando 17 semanas para o Olympia deste ano, que acontece no mês de dezembro, em Las Vegas, Isa já iniciou a preparação para manter o título na categoria Bikini.
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