Após a confirmação do adiamento da 96° edição da São Silvestre, veja como as principais corridas sofreram com as alterações devido a pandemia
Terça-feira, 31 de dezembro de 2019, uma grande movimentação dos corredores amadores de Norte a Sul do Brasil, dos figurões, aos personagens que carregam suas histórias de superação, dos favoritos atletas internacionais, até os competidores da elite brasileira. No mormaço matinal das 7h, em plena Avenida Paulista, já nos deparamos com inúmeras histórias, do fanfarrão Tiago com seu cavalinho rubro-negro mandando um “vapo”, conhecido gesto icônico difundido pelos flamenguistas, ao seu Ademar, que estampava seu orgulho nas costas, a bandeira da Terra dos Impossíveis, a querida Petrolina.
Registros assim que serão impossíveis de se repetir, pelo menos em 2020. Claro, tristeza da tradição de 95 anos da São Silvestre, que não se compara quando lembramos de aproximadamente 140 mil vítimas da covid-19.
Desde março enfrentando alterações nos calendários, inúmeros eventos foram adiados por comitês e ligas desportivas. Vale ressaltar que alguns esportes voltaram, casos emblemáticos como dos estádios vazios de futebol com suas caixas de som, com os sons de suas torcidas para estimular os jogadores em campo, ou da “bolha da NBA”, que como nome já bem sugere, um planejamento bem elaborado e exemplar que isolou os atletas, e nos remete a reflexão de um comportamento que contraria as aglomerações, algo que de maneira inevitável, vemos nas corridas de rua.
O que aconteceu com as principais provas?
1- Maratona de Boston
Corredores de elite masculinos lideram o campo na 121ª Maratona de Boston na segunda-feira, 17 de abril de 2017, em Hopkinton, Massachusetts Imagem: AP / Steven Senne
Pela primeira vez em 124 anos de prova, a Maratona de Boston foi cancelada em 2020. A prova inicialmente marcada para abril, foi adiada para setembro, mas em maio acabou sendo inevitável a suspensão do grande evento. Recentemente, os corredores foram convidados pela organização da segunda maratona mais antiga do mundo, a percorrerem os 42,195 km da prova entre os dias 7 e 14 de setembro, dentre as redondezas de onde seria acessível para os competidores.
Os corredores cruzam a ponte Verrazano-Narrows durante a Maratona de Nova York no domingo, 4 de novembro de 2018, em Nova York Imagem: Eduardo Munoz Alvarez
Considerada a mais tradicional do calendário, a maratona de Nova York celebraria em 1º de novembro a sua 50ª edição, com mais de 50.000 inscritos de mais de 100 países. “O cancelamento é incrivelmente decepcionante para todos os envolvidos, mas foi claramente o curso que precisávamos seguir sob uma perspectiva de saúde e segurança”, disse Michael Capiraso, presidente e CEO da empresa New York Road Runners, que organiza o evento.
Os corredores mais rápidos com o icônico Portão de Brandemburgo ao fundo Imagem: Special Arrangement
A maratona de Berlim é considerada a mais rápida do mundo. O percurso plano da prova já foi palco de muitas quebras de recorde dentro de seus 46 anos. O atual recorde mundial masculino de maratona é de lá – 2h01min39 do queniano Eliud Kiopchoge. a Maratona de Berlim reúne cerca de 40 mil pessoas sempre no mês de setembro. A medida foi adotada pelo governo alemão, que proibiu grandes eventos antes de 24 de outubro. “Queríamos dar segurança aos organizadores em relação ao que eles podem ou não organizar. A medida afeta várias feiras e também a Maratona de Berlim”, afirmou a chefe de Economia da cidade-estado de Berlim, Ramona Pop. Segundo o governo, eventos que causam esse tamanho de aglomeração não poderão ser realizados até dia 24 de outubro.
O número de pessoas que correu a Maratona de Chicago 2019 poderia encher a arena de basquete do Chicago Bulls duas vezes Imagem: Christian Rasmussen
Com cerca de 45 mil participantes por edição, Chicago foi a quarta maratona a ser cancelada entre as seis majors: Nova York, Berlim e Boston já haviam anunciado que não aconteceriam em 2020; Tóquio aconteceu em março, apenas com atletas de elite e sem público. Por enquanto, Londres mantém a data de 4 de outubro. a queniana Brigid Kosgei, que ganhou a última edição da São Silvestre, foi o grande destaque na cidade do ilustre líder da banda Pearl Jam, Eddie Vedder.
38 mil atletas amadores foram diretamente impactados, mas uma decisão unilateral da organização da Maratona de Tóquio, na época, justificou as alterações: “Novos casos de coronavírus foram confirmados no Japão. Nós estivemos nos preparando para a Maratona de Tóquio 2020 e implementando medidas preventivas de segurança. Não podemos continuar com o evento na escala que prevíamos inicialmente e lamentamos informar que a Maratona de Tóquio 2020 será realizada apenas para os atletas de elite da maratona e de cadeira de rodas.” A prova foi realizada no dia 1° de março. Na ocasião, tivemos apenas os atletas profissionais podendo efetuar a prova. Porém, ainda preocupados com a pandemia da covid-19, eles estão avaliando a possibilidade de reagendar a prova do ano que vem, atualmente marcada para 7 de março.
We are truly regretful for not being able to deliver the event to the semi-elite, general runners and volunteers who have devoted their time and effort preparing for the event.
— Tokyo Marathon Foundation (@TokyoMarathon_E) March 3, 2020
E Londres?
Das que formam a liga “World Marathon Major”, A Maratona de Londres, está agendada para 4 de outubro. Segundo a própria organização, há rigorosas medidas de segurança sendo adotadas para proteger os corredores de elite da pandemia do coronavírus.
“É nosso dever e responsabilidade garantir que este evento seja realizado em um ambiente seguro e protegido”, disse Hugh Brasher, um dos reesposáveis pelo evento da Maratona de Londres. “Vimos outros exemplos e aprendemos com outros esportes que voltaram à ação conforme desenvolvíamos nossos planos detalhados para esta bolha de biossegurança em torno do evento.”
