No final de 2019 foi descoberto na China um vírus até então desconhecido, o coronavírus, que causa uma doença pulmonar grave. De lá para cá essa doença se espalhou pelo mundo inteiro e ficou conhecida como Covid-19. Ao todo, mais de dois milhões de pessoas morreram em decorrência da doença desde seu surgimento até o início de fevereiro de 2021. Em diversos locais do planeta estabelecimentos precisaram ser fechados ou passaram a funcionar com horário reduzido. Os setores da economia mundial ficaram abalados e com as academias não foi diferente.

O fitness em geral vinha em um crescimento muito grande nos últimos anos no Brasil. De acordo com a reportagem publicada pela revista Você S/A em dezembro de 2019, a indústria de atividade física movimentou 2,1 bilhões de dólares no Brasil naquele ano. E as academias são um dos estabelecimentos que mais lucram nesse meio.

O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de academias (34.509), de acordo com o levantamento da The IHRSA Global Report, em 2019, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (38.477). Já no ranking de faturamento, na América Latina o país fica atrás dos Estados Unidos, que ganha $32.348.324.316 bilhões de dólares e do Canadá, que ganha $2.945.150.000. O Brasil fatura $2.100.000.000 bilhões de dólares. E em número de clientes, o país aparece em quarto, com 9.600.000 milhões de alunos matriculados, ficando atrás do primeiro colocado, Estados Unidos (62.465.00), segundo, Alemanha (11.090.000) e Reino Unido (9.900.000).

No entanto, com surgimento do Covid-19 e todos os impactos que a pandemia gerou em 2020, o que o Brasil vê hoje é um cenário diferente, no qual pequenos empresários tiveram que fechar os seus negócios e as grandes empresas passaram e passam por diversas dificuldades.

Esse é o caso de Alexandre Dornela, personal trainer e ex-proprietário da academia 4Fit, que ficava localizada na altura do Km 24,5 da Rodovia Raposo Tavares, em Cotia-SP. Há 6 anos o pequeno empresário mantinha a academia aberta no local e tinha o negócio como a principal fonte de renda, até a pandemia vir e fazer ele fechar as portas.

“A pandemia veio e deixou sequelas para todo mundo. Quem é médio ou pequeno empresário e não tem um caixa muito forte acabou não conseguindo manter a academia aberta. Eu ainda lutei, segurei durante um ano, mas chegou um momento que não dava mais. As contas chegaram, o aluguel atrasou e eu me vi em uma bola de neve que só estava crescendo”, comenta.

Alexandre conta que antes da pandemia tinha 220 alunos matriculados, já no início da pandemia a quantidade de alunos caiu para a metade (110 alunos). Em abril ele manteve apenas 50. Após o fechamento de tudo e o retorno das atividades apenas em julho, ele voltou a funcionar com 5 pessoas, aumentou no meio do mês para 12 e veio a terminar o ano com 70 praticantes de atividade física matriculados.

“Em outubro de 2020 eu comecei a perceber que não iria conseguir segurar a academia aberta. Tinha muita gente com medo e os quatro meses fechados me deixou em uma condição muito difícil. A volta também foi bem limitada, com restrição de horário para funcionar e mesmo com a gente adotando todos os protocolos de prevenção, as pessoas ainda estavam com medo de voltar. E em dezembro vendi a academia”, explicou.

E as academias devem realmente funcionar em meio à pandemia?

E essa questão do retorno das academias vem sendo uma das maiores discussões em meio à pandemia. Há quem diga que os estabelecimentos devem voltar a funcionar e que os locais podem ser meios para a saúde e aumento da imunidade, mas por outro lado, tem especialista que alerta sobre o ambiente ser propício para a proliferação do vírus. É o que explica no áudio abaixo a dra, Ana Freitas, médica sanitarista do Instituto Emílio Ribas.

Associação Brasileira de Academias defende retorno das atividades

Recentemente, a ACAD (Associação Brasileira de Academias) lançou uma cartilha com diversos dados sobre os motivos para as academias permanecerem abertas adotando os protocolos de prevenção necessários.

Nessa cartilha, a associação escreve: “Enquanto não existir uma solução definitiva para a COVID-19, as academias podem ser parte da solução – e não do problema – no combate à doença”.

Veja o conteúdo completo da cartilha clicando aqui.

O impacto na maior rede de academias da América Latina, a Smart Fit:

Conforme matéria veiculada pela revista Exame em 26 de outubro de 2020, a rede perdeu 198 mil alunos em três meses. Isso corresponde a uma queda de 7%.

Procuramos pela empresa para saber do impactos que a pandemia trouxe para a rede. Por meio da assessoria de imprensa, eles resolveram apenas comentar sobre o que fizeram para se manterem firme no mercado.

Veja a nota completa:

Desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a Smart Fit apoia todas as iniciativas que buscam soluções para o problema que atinge todo o mundo.

Junto com cientistas, desenvolvemos o protocolo mais rigoroso para o setor, no mundo. Respeitamos rigorosamente as recomendações e determinações de autoridades.

Estamos encarando os desafios impostos pela pandemia com responsabilidade e preocupação. Estamos atentos às necessidades de nossos alunos, buscando formas de atender a suas necessidades diante das limitações impostas. Para isso lançamos plataformas para treinos e cuidados fora das academias como o Treine em Casa, que é aberto a qualquer pessoa e já teve mais de 25 milhões de acessos, o Smart Fit Coach e o Smart Fit Go, gratuitos para alunos da Smart Fit, e o Smart Nutri, plataforma de orientação nutricional. Também adquirimos o “Queima Diária”, líder no setor de treinos à distância, que vem apresentando um crescimento robusto. Desde sua aquisição, em julho de 2020, o Queima Diária soma mais de 500 mil alunos à base de clientes do grupo.

A empresa permanece sólida e atenta a oportunidades, como a recente aquisição da Just Fit sem desembolso de recursos, e está preparada para quando a retomada da economia acontecer.

Entrevista com Fabrício Pacholok

Data da entrevista: 03/03/2021

O treinador de atletas profissionais do fisiculturismo, Fabrício Pacholok, bacharel em Educação Física e pós-graduado em Treinamento Individualizado e Qualidade de Vida, contou como foi se adaptar a trabalhar de maneira online, sendo que as academias começaram a fechar e quando voltaram estavam bem mais restritas.

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