A pandemia de covid-19 trouxe dois problemas para quem cultivava hábitos saudáveis: o fechamento das academias e limitações de uso de espaços públicos para práticas de atividades físicas e o aumento do consumo de alimentos ultra processados consequentemente gerando gordura e sobrepeso nas pessoas.
Algumas pessoas ainda buscaram nas aulas on-line uma alternativa para manter o ritmo, mas pesquisas apontam um aumento generalizado de peso na população por conta do sedentarismo, agravado neste período.
Para a médica Marcella Marinho, emagrecer não é mera questão de estética ou de seguir padrões e a classe médica tem obrigação de esclarecer e conscientizar os pacientes sobre os riscos e malefícios da obesidade para a saúde e qualidade de vida.
Segundo a médica, excesso de gordura e saúde não são condições metabolicamente compatíveis para o corpo. “Esse desequilíbrio gera uma sobrecarga danosa aos nossos sistemas de reparo, endócrino, cardíacos e musculoesquelético”, detalha.
Dra. Marcella ainda aponta que as primeiras alterações e pequenos danos ocorrem silenciosamente. “Chamamos isso de inflamação crônica subclínica, e esse é o ponto-chave que precisa ser falado (e tratado), pois se esses processos não forem silenciados ou desacelerados ao longo dos anos, o acúmulo dessas injúrias constantes causa um maior desgaste dos órgãos e ‘de repente’ todas as doenças do envelhecimento como hipertensão, diabetes tipo 2, artrite, aterosclerose, doenças cardíacas, trombose, distúrbios do sono e cognitivos disparam de uma vez”, alerta.
Para a médica, um dos grandes aliados para manter a saúde e o bom funcionamento do corpo ao longo da vida é, sem dúvidas, a prática regular de exercícios físicos. “Não é apenas um bom conselho, é um dever médico promover saúde e orientar sobre a importância do exercício físico regular, que está incluído nos 6 pilares da Medicina do Estilo de Vida”, indica.
Consequências da falta de atividade física
Dra. Marcella Marinho aponta os principais males causados pelo excesso de gordura e falta de exercícios físicos:
- Doenças metabólicas: obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e formação de cálculos na vesícula.
- Doenças cardiovasculares: doença arterial coronariana, angina, hipertensão, claudicação intermitente, trombose, aterosclerose, alteração da adesão e agregação plaquetária.
- Doenças Pulmonares: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
- Câncer: mama, endométrio, cólon, próstata.
- Doenças neurológicas: desordens do humor, cognitivas, memória e aprendizado.
- Desordens musculoesqueléticas: dores crônicas, limitações osteoarticulares, osteoartrite, osteoporose, sarcopenia.
- Constipação e disbiose intestinal.
- Adiposidade abdominal: esse é o tipo de gordura que se acumula entre os órgãos, dentro do abdômen e produz as citocinas inflamatórias, que aumentam o risco de diabetes e doenças cardiovasculares. Esse ambiente metabólico inflamado aumenta também o próprio risco de alguns tipos de câncer.
Acompanhe a Doutora no seu Instagram
A médica ainda ressalta que além dos efeitos diretos, a falta de atividade física causa outros impactos na qualidade de vida durante o envelhecimento, como limitação física e da performance de habilidades, menor mobilidade e maior dependência. “Essa falta de autonomia gera outros tipos de problemas como estresse, desânimo, menor sensação de bem-estar, ansiedade e até depressão. Ou seja, exercício físico é remédio e deve ser regularmente praticado em todas as idades”, finaliza.
LEIA MAIS
Especialista alerta para o risco de lesões com a prática de exercícios físicos em casa na pandemia
Atividade física ajuda no combate ao coronavírus, mas estresse prejudica